OSLO (Reuters) - Anders Behring Breivik disse a um juiz norueguês nesta segunda-feira que o ataque a bomba e o massacre a tiros realizados por ele que mataram dezenas de pessoas na sexta-feira tinham como objetivo salvar a Europa de uma tomada muçulmana, e afirmou que existem "mais duas células" em sua organização.
As declarações feitas por Breivik numa audiência a portas fechadas foram divulgadas pelo juiz Kim Heger em entrevista coletiva.
O atirador havia dito anteriormente que agiu sozinho e a polícia havia informado mais cedo que estava tentando confirmar essa informação.
Mas depois da alegação de Breivik sobre outras células, o representante da polícia Christian Hatlo disse que "não podemos descartar totalmente" a possibilidade de que outros estiveram envolvidos nos ataques.
A polícia norueguesa revisou o número de mortos nos ataques de sexta-feira para 76 pessoas. Anteriormente, o número estimado chegava a 93. Segundo a polícia, oito pessoas morreram na explosão da bomba no centro de Oslo e 68 na ilha de Utoeya, no massacre a tiros.
Ainda não estava claro se Breivik é de fato parte de uma organização, embora ele tenha escrito sobre a retomada dos Cavaleiros Templários, uma ordem medieval de monges das Cruzadas.
Depois da audiência, Heger informou ter ordenado Breivik a ficar detido numa prisão solitária por oito semanas, sem receber cartas, jornais ou visitas, exceto de um advogado. O período de custódia, que foi solicitado pelos promotores e poderá ser estendido, permitirá que se investigue o caso contra Breivik, de 32 anos.
A polícia acredita que o julgamento pode demorar um ano.
"IMPORTAÇÕES EM MASSA DE MUÇULMANOS"
O juiz disse que Breivik havia acusado o Partido Trabalhista, atualmente no poder, de trair a Noruega com "importações em massa de muçulmanos". Ele afirmou que a explosão de prédios do governo em Oslo e o massacre no encontro de jovens do partido governante visavam impedir um recrutamento futuro do partido.
"O objetivo do ataque era enviar um forte sinal ao povo", afirmou Breivik, segundo o juiz.
Milhares de noruegueses fizeram um minuto de silêncio nesta segunda-feira para lembrar as vítimas do atirador.
"Em memória das vítimas... eu declaro um minuto de silêncio nacional", disse o primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, vestido de preto ao lado do rei Harald e da rainha,
O silêncio se estendeu por cinco minutos, com outras milhares de pessoas ficando em volta de um carpete de flores fora da catedral de Oslo. Carros pararam nas ruas e os motoristas desceram dos veículos.
"Este é um evento trágico, ver todos esses jovens morrendo devido à loucura de um homem. É importante ter este minuto de silêncio para que todas as vítimas e as famílias das vítimas saibam que as pessoas estão pensando neles", disse o mecânico Sven-Erik Fredheim, 36 anos, pouco antes do silêncio.
Breivik plantou uma bomba do lado de fora do gabinete de Stoltenberg na sexta-feira, que matou oito pessoas, e seguiu para a ilha de Utoeya, onde atirou e matou 68 pessoas em um encontro de jovens do Partido Trabalhista.
Em uma mensagem de 1.500 páginas -- misto de manifesto e manual de instruções para participantes de uma "cruzada" contra o Islã e políticos liberais europeus --, Breivik explicou como a violência era necessária para salvar a Europa do Islamismo, da imigração e do multiculturalismo.
O período máximo de prisão na Noruega é de 21 anos, embora isso possa ser estendido caso haja risco de repetição dos crimes. "Na teoria, ele pode ficar na cadeia pelo resto da sua vida", disse Staale Eskeland, professor de legislação criminal da Universidade de Oslo
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